Eventual venda de marcas de beleza da P&G pode ser o negócio do ano

Se existe um negócio com potencial para ser a grande transação do mercado de beleza do ano este negócio é uma eventual venda de um bloco de marcas de beleza da gigante norte-americana P&G. De acordo com informações colhidas pela Bloomberg, a empresa já avalia a possibilidade de vender várias marcas do seu portfólio de beleza. O negócio poderia envolver o spin off de um bloco de marcas que daria origem a uma nova companhia e teria uma oferta pública inicial de ações na bolsa de valores. Outra possibilidade seria a venda de algumas marcas isoladamente. Em dezembro do ano passado a P&G teria contratado um banco de investimentos para explorar a venda da Wella, marca de origem alemã e uma das líderes no segmento de cuidados com os cabelos no segmento profissional e em algumas categorias de consumo, como coloração. De acordo com informações da agência de notícias Reuters, a P&G pode vender todo o negócio da Wella - que inclui linhas profissionais e de mass market, como a coloração Koleston - ou apenas uma parte em um negócio que poderia alcançar os US$ 7 bilhões. A empresa espera ter concluído os estudos para decidir que rumo tomar até o final do primeiro semestre deste ano, segundo fontes envolvidos com o processo. Oficialmente a P&G diz que a matéria da Bloomberg trata apenas de especulação.

Seja qual for o movimento, é cristalino que a gigante norte-americana enfrenta uma grande desafio para gerir e retomar o crescimento da sua divisão de produtos de beleza e higiene pessoal, cujas vendas anuais somam US$ 20 bilhões. O valor não inclui os números relacionados ao negócio de Gillette, que está alocado em uma outra divisão. A empresa é dona de algumas das maiores marcas do mercado de beleza no mundo, como Pantene, Head&Shoulders e a linha de cuidados com a pele Olay, cujas vendas também superam a marca do bilhão de dólares. As três marcas juntas geram vendas da ordem de US$ 8 bilhões. De acordo com fontes consultadas pela Bloomberg, um dos objetivos da mudança seria justamente a de concentrar investimentos nessas três marcas, que tem sofrido com o aumento da concorrência. Para o CEO da empresa, A. G. Lafley, o negócio da beleza tem sofrido com mudanças e com a inexperiência de sua liderança. De acordo com ele, foram "meia dúzia de líderes" desde 2007, muitos dos quais "nunca tinham passado um minuto na indústria", disse Lafley durante uma conferência.

Em uma indústria dinâmica, veloz e cada vez mais fragmentada, o negócio de beleza da P&G vem se perdendo em meio ao gigantismo da própria corporação, cujas vendas anuais superam os US$ 80 bilhões e a imensidão do seu portfólio. Para analistas da indústria a empresa perde por não ser uma empresa integralmente de beleza, como a L´Oréal e também por não concentrar esforços em algumas poucas categorias, caso da Unilever. A P&G é dona de marcas de cabelos globais como Herbal Essences, outras com atuação mais regional como Aussie e Nice n´Esy; a linha de maquiagem Cover Girl, cujas vendas ficam perto do bilhão e a marca de produtos de luxo para a pele SK-II, que recentemente superou a marca de US$ 1 bilhão em vendas. Outras marcas profissionais, como Sebastian e Sasson e de fragrâncias de celebridades como Cristina Aguilera e Naomi Campbell, foram alvos de especulações como possíveis desinvestimentos.

No ano passado muito se falou sobre uma eventual venda da marca de sabonetes Ivory, o primeiro produto com marca e marketing vendido pela P&G, 135 anos atrás. As vendas anuais de Ivory, de US$ 112 milhões, estavam em queda nos últimos anos, mas nada foi concretizado. Mas a empresa fechou a venda da marca de perfumaria Rochas, por US$ 108 milhões, para a francesa Interparfums. Até o momento, nada foi dito pela imprensa internacional sobre as principais marcas de fragrâncias no portfólio da empresa, incluindo Hugo Boss, Dolce&Gabbbana e Gucci, três das maiores franquias do mercado global.

O atual CEO da empresa está liderando o esforço para reduzir o portfólio da companhia para cerca de 80 marcas, aquelas que representam quase a totalidade dos ganhos da empresa. Para isso, será preciso se desfazer de cerca de 100 marcas que são deficitárias ou cujo volume de vendas não seja adequado à uma empresa do tamanho da P&G. E como o negócio de beleza concentra um grande número de marcas e, não vendo apresentando crescimento nos últimos anos, é natural que os esforços se concentram nessa divisão, cujo processo de "engorda" aconteceu durante a passagem anterior de Lafley no cargo. Entre 2000 e 2009, ele triplicou o tamanho do negócio de beleza com aquisições de grandes negócios como a Clairol, adquirida junto ao laboratório farmacêutico BMS e a compra hostil da Wella. Ao mesmo tempo, nesse período a empresa expandiu pesadamente para alavancar o crescimento das suas principais marcas, noptadamente Olay e Pantene.

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