Natura na disputa pela The Body Shop

Natura na disputa pela The Body Shop
A Natura, maior fabricante brasileira de cosméticos, foi uma das empresas que avançaram na negociação com a L´Oréal para adquirir a The Body Shop, marca de produtos de apelo natural vendida por meio de uma rede de loja de 3082 lojas, entre próprias e franqueadas, em 66 países. A informação é da agência de notícias Bloomberg, que conversou com pessoas familiarizadas com a negociação. As propostas até agora estariam avaliando o negócio em cerca de US$ 850 milhões.

Além da brasileira, estariam no páreo três fundos de investimentos: CVC Capital Partners, Advent International e o italiano InvestIndustrial. No total, a L´Oréal teria recebido propostas de 15 empresas.

A CVC é a atual controladora da alemã  Douglas, uma das maiores redes de perfumaria do mundo, com vendas de 2,75 bilhões e lojas por toda a Europa. Já o InvestIndustrial tem no seu portfólio a Perfume Holding, dona da licença da marca Ferrari para perfumaria e que gera vendas de 85 milhões de euros ao ano.

As ofertas definitivas deverão ser feitas no início de junho.

A L´Oréal, que comprou a The Body Shop em 2006 - na época uma das empresas líderes e referência em cosméticos naturais - nunca conseguiu assimilar de fato a operação, tanto que por todo esse período ela se manteve como uma operação bastante independente, com sede na Inglaterra, país de origem e maior mercado da marca. Além disso, os resultados da divisão sempre ficaram abaixo do das outras quatro divisões da empresa. Um dos objetivos da L´Oréal com a compra era ampliar a internacionalização da marca. 

As vendas totais da The Body Shop, incluindo e-commerce e franquias, cairam 4,8% em 2016, para 920 milhões (cerca de R$ 3.1 bilhão). Excluindo a variação cambial, a operação apresentou um crescimento de 0,6%. O lucro operacional caiu 38% para 33,8 milhões de euros no ano passado.

Com vendas de R$ 7,9 bilhões em 2016, uma eventual compra da The Body Shop representaria um grande salto para a Natura. Caso o negócio se concretize, as vendas internacionais da Natura ficarão bem próxima dos 50% da receita total. Hoje, elas representam cerca de um terço das vendas, puxados pela operação na América Latina. A Natura é dona também da Aesop, marca australiana que vende seus produtos sofisticados por meio de uma rede de quase 200 lojas próprias e cerca de 100 lojas de departamento em mais de 20 países. No ano passado, a operação gerou receita líquida de R$ 580 milhões. Além disso, a The Body Shop ampliaria a presença geográfica da Natura na Europa e na Ásia e, de quebra, diminuiria a dependência da empresa do modelo de venda direta. Aesop e The Body Shop, ambas operações de varejo, somadas, responderiam por cerca de 30% do resultado global da Natura. 

De acordo com um relatório do banco de investimento Brasil Plural, a Natura tem condições para bancar a proposta pela The Body Shop. O banco estima relação entre dívida líquida e Ebitda de 1,5 vez para a empresa de venda direta em 2017, que poderá ser suportada pela geração de fluxo de caixa livre. Além disso, a empresa poderá recorrer a emissão de dívida ou de ações para financiar a operação.

Os concorrentes da empresa de venda direta no negócio têm o bolso fundo. A CVC já levantou US$ 71 bilhões para os seus fundos nos últimos anos, a Advent tem sob sua gestão US$ 41 bilhões e o InvestIndustrial, 5,6 bilhões de euros sob gestão. O fato de a operação da The Body Shop ter se mantido independente (inclusive com fábricas e operações de P&D, além de toda a diretoria), torna o negócio para os fundos, ao menos em tese, bastante palatável.
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