O futuro já é realidade

O futuro já é realidade

Em evento realizado pela Beauty Fair, Júlio Takano, Jacques Méir e César Tsukuda apresentam um apanhado do que foi discutido na edição deste ano do NRF Retail´s Big 

Para o universo do varejo, o NRF Retail´s Big Show dispensa apresentações. Maior evento voltado ao setor varejista global, realizado todos os anos na cidade de Nova York, desde 2016 a Beauty Fair participa do evento, promovendo o encontro da indústria e do varejo de beleza brasileiro com as inovações do mercado global, através de uma comitiva formada por empresários e representantes do setor. Durante uma semana, o grupo tem a oportunidade de uma verdadeira imersão nas novidades e tendências que movimentam a evolução do varejo norte-americano.

Como já se tornou tradição, logo depois, a Beauty Fair também promove uma série de exposições com os profissionais que fizeram parte comitiva para debater os principais insights explorados durante o evento. Abrindo os trabalhos, em evento realizado em São Paulo e transmitido ao vivo pelo You Tube, Julio Takano, diretor da KT Retailing, especialista em arquitetura de negócios; Jacques Méir, trend hunter, articulista e curador de conteúdo; e Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair, apresentaram suas observações sobre o futuro do varejo a partir dos insights da NRF 2022.

Ecossistemas de Beleza

Um dos temas mais discutidos na NRF Retail´s Big Show 2022 foi o conceito de ecossistemas de negócios. Realidade no varejo norte-americano, esse conceito que explora as diversas possibilidades dentro do ambiente de uma mesma loja física ainda gera dúvidas sobre seu funcionamento na prática do ponto de vista do varejo brasileiro. Em sua palestra, Como os ecossistemas de negócios estão transformando o varejo, Júlio Takano explicou o conceito e os motivos de ele hoje estar promovendo uma verdadeira revolução no setor.

Especialista em design de varejo e arquitetura de negócios, Takano entende que o conceito de Ecossistemas de Negócios faz parte das novas estratégias modernizadoras do setor varejista para atender às demandas de um novo consumidor que, mais do que comprar produtos, busca conexões emocionais com o ponto de venda.“O varejo hoje precisa entregar novos valores no ponto de venda”, declara. “Beleza, bem-estar, prazer, espiritualidade, responsabilidade social e sustentabilidade mais do que nunca se tornaram características fundamentais para a manutenção dos negócios”, pontua o arquiteto.

Segundo Takano, embora sejam temas debatidos pelo setor há pelo menos trinta anos, o advento da pandemia acabou por torná-los pilares fundamentais para essa conexão emocional exigida pelo novo consumidor e estar em sintonia com o varejo do futuro. A questão inevitável é: como estabelecer essa conexão?
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Para Takano tudo gira em torno da criação de experiências sensoriais que simulem “10 minutos de férias por dia”, em suas próprias palavras. Ele explica que o novo consumidor, talvez por reflexo das mídias sociais, busca cada vez mais formas de auto-compensação pelo esforço na rotina do dia-a-dia. “E como nós podemos contribuir para mapear esse desejo do cliente”? Pergunta. Ao que ele mesmo responde: “Oferecendo maneiras de desconectar esse cliente da rotina, promovendo formas de ele se recuperar da rotina e restaurar a alma, através de micro-momentos de experiência. Assim, criamos momentos inesquecíveis que são chamados de indulgências. Essas indulgências geram desejo, fidelização e incremento de vendas que tornam a marca icônica”.

Como exemplo de marca icônica que melhor representa esse conceito, Takano cita a rede norte-americana de lojas de beleza Ulta Beauty. Durante a pandemia, eles conseguiram atingir um faturamento de US$ 8,3 bilhões E segue em rápido crescimento. A marca prevê a abertura de 50 lojas por ano entre 2022 e 2024. “Eu classificaria a Ulta Beauty como o melhor ecossistema de beleza dos Estados Unidos. No momento pré-pandêmico, por exemplo, a Ulta se reuniu com muitas indústrias que não expunham seus produtos na rede por uma questão de estratégia de distribuição. Com um portfólio que sempre esteve mais calcado nas marcas de mass market e mastige, além do segmento profissional, a Ulta era eternamente apontada como uma espécie de prima pobre da Sephora, bandeira de varejo especializada da gigante LVMH. 

Além do sortimento amplo e acessível, a Ulta sempre se diferenciou das suas concorrentes pela oferta de serviços como salões de beleza e maquiagem. Mas, para  Takano, no momento em que essa varejista entende que o modelo de negócio pode estar ficando obsoleto, parte-se para um processo de reposicionamento de marca. “No caso da Ulta, ao convidar e ter o aceite para ter em sua loja uma marca de luxo como a Chanel, abre-se uma enorme possibilidade de ampliar o atendimento à uma nova classe de consumidores", diz o diretor da KT Retailing, para quem o conceito de ecossistema representa a evolução do conceito de store in store, tradicionalmente, o modelo adotado pelas grandes lojas de departamento mundo afora. "O conceito de store in store, muitas vezes, é lastreado simplesmente pelo aspecto imobiliário. No caso da Ulta, o conceito de ecossistema deve ser entendido como marcas como Channel, Dyson e Benefit como complementares à da marca mãe, que é a Ulta. Dessa forma, o cliente é surpreendido com marcas que nunca estiveram presentes dentro de mesmo ponto de venda. E aí ela, a varejista, se reposiciona. O Marketing da Chanel, em parceria com o da Ulta, trabalham juntos no sentido de promover uma experiência imersiva de marca”, analisa.

Outro exemplo citado por Julio Takano, é o da Allure, revista especializada, voltado ao público feminino que, aproveitando o reconhecimento da marca, inaugurou sua própria loja física. A revista é responsável pelo prêmio Allure Beauty Expert, que recohece produtos de beleza, por isso, as marcas laureadas com o prêmio são também expostas e disponibilizadas no ponto de venda oficial da publicação. Num ecossistema formado por revista, site, podcast, box de beleza criado pela marca, associados ao conjunto das plataformas sociais e o marketplace, a marca promove educação e entretenimento aos seus clientes. “É um ótimo modelo do conceito de Phigital, que une o físico e o digital ao mesmo tempo e  está mudando o conceito de se fazer loja hoje”, finaliza Takano.

Phigital, Metaverso e o protagonismo da Geração Z

“É preciso entender que este é um ano de transição. Dois fatores são inalteráveis: O primeiro é que a vida já é mais digital. O segundo é que a Covid, por mais que agora ou logo mais como uma doença controlada, veio para ficar”. Com estas palavra Jacques Méir abriu sua palestra, intitulada O que a NRF ensina sobre o futuro do varejo.

O trend hunter chama atenção para a importância de aceitar que houve uma mudança inalterada nos padrões de comportamento que são muito sensíveis. “É preciso entender o que significa a loja física no mundo pós-pandêmico. Mais do que um centro de experiência, a loja deixa de ser um espaço meramente transacional. Porque o varejo é mais do que nunca Phigital. Ou seja, que combina elementos digitais com reais; elementos sensoriais com interativos para poder proporcionar uma nova escala de negócios. Uma nova forma de fazer com que as pessoas sintam prazer em consumir”, explica.

Além do Phigital, outro insight da NRF para o qual Méir chamou atenção foi para o conceito de Varejo Fintech. “Todo varejista, hoje, precisa ser também um ecossistema de serviços financeiros”, declarou.

“E, nesse sentido, há uma série de novos negócios que surgem o tempo inteiro para ajudar os varejistas a ganhar escala e, mais do que isso, oferecer alternativas financeiras em um momento de mudanças nos padrões de consumo e também no rendimento das pessoas”, explica, sugerindo como novas alternativas pagamentos compartilhados, por carteiras digitais e etc. Dando como exemplo a tendência do BNPL (Buy Now, Pay Later – compre agora, pague depois) que vem funcionando no Estados Unidos.

“Isso espelha novos comportamentos e não se consegue fazer isso sem que o varejo pense em plugar seus serviços financeiros dentro de sua operação. É preciso pensar a experiência sob uma nova ótica”, conclui.

Méir chama atenção para como as mudanças demográficas sensíveis estão reconfigurando o mapa de consumo. O que, para ele, está diretamente ligada à ascensão da Geração Z como principal protagonista do consumo. “Eles optam por consumir de forma não-linear, normalmente um tanto caótica, acolhendo dark stores, meios de pagamento não-convencionais, como criptomoedas, usando redes sociais e até mesmo o TikTok como formas de consumo e escolha. Da mesma forma, o apelo do novo, do inédito e do exclusivo perde sentido. Tudo pode ser reusado, reaproveitado e recombinado”, explica.

Sendo assim, é preciso olhar com atenção para o comércio no Metaverso/Criptoverso, um dos principais insights da NRF 2022. “A experiência extrapola o canal e vai para o ambiente da mistura de realidades. O que se cristaliza naquilo que chamamos Criptoverso ou incorporação das moedas digitais como forma de transação efetiva nos ambientes digitais de fusão de realidades que se convencionou chamar Metaverso”, explica.

Ele, no entanto chama atenção para o fato de que a introdução do Metaverso para o universo do varejo ainda está distante de se conseguir, mesmo para grandes marcas. “O Metaverso pressupõe que é um ambiente digital emulado dos games”, citando o sucesso de jogos como Fortnite e Roblox, como exemplo. “Esse ambiente traz perspectivas e pontos de vista e dinâmicas vertiginosas, que não obedecem a realidade física. Então, se não for possível reproduzir a dinâmica do game, você não tem Metaverso”, conclui.

Aplicabilidade no varejo de beleza

Fechando a séria de exposições, Cesar Tsukada, diretor-geral da Beauty Fair, apresentou um resumo da aplicabilidade dos que foi visto na NRF-2022 e sua aplicabilidade dentro do contexto atual do varejo de beleza brasileiro. Especialista no mercado de beleza com mais de 25 anos de experiência no varejo, indústria e serviços, declarou: “É preciso contextualizar esse momento para o mercado de cosméticos e beleza do Brasil. 2022 é mesmo um ano de transição e justamente por isso as perfumarias devem ter muito claro quais são suas fortalezas e quais serão seus desafios para que tomem decisões assertivas”.

Segundo Tsukuda, atendimento, portfólio de produtos, gerenciamento de categorias e potencial para abraçar novas categorias são pontos consolidados no canal especializado e devem ser trabalhados para manter sua excelência. “Não há como negar que entre os mercados que vão crescer este ano, o da perfumaria se consolida como um dos mais plenos. Mas é preciso estar atento à consolidação do mercado, do aumento do número de lojas, além da evolução do mundo digital”, explica.

Sobre as novidades e insights apresentadas durante a NRF-2022, ele chamou a atenção para a necessidade de estudar de forma atenta sua aplicabilidade entes de pô-las em prática. “Eu costumo dizer que a NRF é tentadora no sentido de que a gente volta de lá querendo fazer milhões de coisas ao mesmo tempo. Mas é preciso saber que é preciso evitar tentar colocar em prática mais de duas coisas aprendidas no evento”, aconselha.

Ele aconselha que o varejista que pretende aplicar os insights devem se focar em uma ou duas coisas que possam de verdade fazer diferença em seus negócios, pensando muito na questão do consumidor. “Não tenham a expectativa de que tudo vai funcionar perfeitamente. Respeitem a relação com os consumidores, acima de tudo. Não esperem que tudo seja perfeito ou deem resultados imediatos. Toda novidade, toda inovação, pressupõe ajustes”, explica.

“Implantar novas tecnologias e novos formatos no seu varejo pressupõe muita atenção na execução para que você possa corrigir, ao longo do tempo, a rota. E o importante de se estar com a barriga no balcão, olhando para o básico, é principalmente não perder o olhar para o consumidor, para aquele que é o sentido de nossos negócios que é o nosso cliente. Então não deixem de avançar na execução de novos formatos, novas tecnologias, mas tenham cuidado para não tentar implantar várias coisas ao mesmo tempo e acabar não tendo foco e energia para implantar tudo ao mesmo tempo. Avancem, mas sem perder a atenção ao consumidor”, reforça.

Ele chama atenção para questões como operação de abastecimento, fluxo de caixa, gestão do PDV e omnicanalidade como assuntos que merecem atenção em curto prazo. “Sem dúvida nenhuma, a questão de abastecimento é um desafio importantíssimo. O Brasil tem certa ineficiência na operação de abastecimento, desde a importação de insumos passando até a entrega final ao consumidor. O varejista que quiser se destacar com capilaridade de lojas, ativações no mundo digital, excelência na questão de entrega junto aos seus consumidores, precisa necessariamente olhar para questão do abastecimento da cadeia de suprimento e trabalhar isso com excelência. Este é um ponto importantíssimo para a evolução dos negócios, das redes e do mundo hibrido ou Phigital, como aqui foi falado”. 

Já no radar de longo prazo, aconselha: “fique de olho em como ganhar capilaridade, como trabalhar o consumidor no metaverso e o conceito de store in store para construção de um ecossistema de vendas”.

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